A jornalista e profa. ms. Sandhra Cabral, da ECRIA – Escola da Indústria Criativa da USCS, apresentou um artigo científico no 46º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, o Intercom Nacional 2023. A pesquisa para o artigo foi realizada com alunos também da ECRIA (cursos de Comunicação).
A apresentação aconteceu no dia 29/8/23, de forma remota.
O tema do artigo: “Potencializando a educação básica: desvendando o impacto da educação midiática na formação do indivíduo através de pesquisa feita com estudantes de jornalismo”
Abaixo, leia um resumo:
“Por meio deste artigo, busca-se explorar os impactos da educação midiática no uso intencional da Internet; recomendar a inclusão da educação midiática nos currículos da educação básica; e apontar a necessidade de formação de docentes neste sentido. A pesquisa foi conduzida pela autora, entre 23 de maio e 07 de junho de 2023, junto aos estudantes do 7º semestre de Jornalismo Noturno da Escola da Indústria Criativa da USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul, que tiveram a disciplina de educação midiática durante o primeiro semestre de 2023, para avaliar a percepção dos educandos sobre a importância da educação midiática no cotidiano deles, e como poderia ter sido a experiência deles com a Internet, caso tivessem tido esta disciplina na educação básica. Os resultados mostraram que 100% dos respondentes desejariam ter tido a educação midiática na educação básica e todos informaram sentirem-se mais seguros no ambiente digital, após cursar a disciplina. A sugestão da inclusão da educação midiática no currículo da educação básica foi vista pelo grupo como positiva, podendo impactar na forma como os alunos lidam com os conteúdos da Internet e redes sociais digitais. Apesar de a amostragem do estudo ser pequena, os resultados indicam que a educação midiática proporciona benefícios na maneira como os estudantes lidam com os conteúdos online, o que pode redimensionar o posicionamento de crianças e jovens da educação básica diante da Internet”.
Alguns resultados da pesquisa que sugerem a necessidade da inclusão da educação midiática na educação básica:
Entre as respostas dos estudantes respondentes à pesquisa, para a questão aberta que indaga se eles gostariam de ter tido a educação midiática na educação básica e o que teria sido diferente no dia a dia deles para o uso intencional da Internet estão:
“Saberia analisar conteúdos e diferenciar as notícias manipuladas, ter um olho mais analítico para realizar a curadoria das informações na Internet, entenderia de maneira mais abrangente como estamos presos num mundo digital manipulado por nós mesmo, com base nas bolhas e AI”.
“Eu não seria tão fácil de ser enganado, duvidaria de tudo, até averiguar e saber se o conteúdo é ou não verídico”.
“Não teria achado que a minha bolha era a única correta, entenderia que existem mais pessoas além das que eu gosto e tenho proximidade, que podem me mostrar um outro lado. Teria feito trabalhos escolares com mais certeza na informação e não erraria possíveis coisas que já errei por ter feito uma pesquisa ‘meia boca’.”
Os estudantes do 7º semestre do curso de Jornalismo Noturno, do primeiro semestre de 2023 da USCS, reforçaram o entendimento deles de que oferecer letramentos digital e informacional por meio desta disciplina às crianças do ensino básico impactaria positivamente o desenvolvimento da criticidade para o uso da Internet, por meio das respostas à seguinte questão aberta: “Após ter tido essa disciplina, acredita que a educação midiática pode mudar a maneira como crianças e jovens usam a Internet, caso a educação midiática faça parte do currículo da educação básica? Explique sua resposta”.
Entre as respostas dos alunos pesquisados estão:
“Acho que as escolas deveriam incluir a educação midiática em seus currículos pedagógicos; o retorno do investimento seria uma geração que sabe usar Internet e redes sociais. A propagação de fake news poderia ser facilmente reduzida. Muitos conflitos poderiam ter sido evitados se a educação midiática se fizesse presente no nosso País”.
“Acredito que sim, se até hoje adultos causam problemas com o uso incorreto da Internet, crianças com total acesso sem supervisão também podem causar isto, com a educação midiática como parte do currículo elas podem praticar o uso correto, além de ensinar aos pais uma boa prática”.
“Sim, pois a Internet está 100% inserida nas rotinas da maioria das crianças. Ao mostrar a elas o poder que temos em nossas mãos e ensiná-las como utilizar de maneira correta, podemos avançar muito no conhecimento mental e emocional da sociedade”.
“Sim, já que moldaria indivíduos mais conscientes e precavidos”.
Conclusão
“Embora a pesquisa tenha sido realizada com um número limitado de estudantes, uma vez que a primeira turma a ter a disciplina de educação midiática na ECRIA da USCS tinha 30 educandos e 19 participaram da pesquisa, as respostas são bastante consistentes no que refere-se à importância da educação midiática para o desenvolvimento do senso crítico e analítico diante dos conteúdos da Internet, sobre seus meandros (algoritmos e bolhas), e para a facilitação de seu uso intencional e com apropriação. Também por meio das respostas, constatou-se que o grupo respondente gostaria de ter tido acesso à educação midiática durante a educação básica. Neste sentido, a educação midiática pode ser ferramenta robusta para a promoção da cultura de paz, tolerância, inclusão, quebra de preconceitos e de discursos de ódio que permeiam especialmente as redes sociais digitais.
Para que a educação midiática seja incorporada ao currículo das redes de ensino pública e privada no Brasil desde a educação básica, como uma disciplina ou de forma transversal, é preciso que os docentes sejam atualizados profissionalmente e se apropriem dos conteúdos, estratégias e ações que a educação midiática exige do professor. Além disso, o artigo também pretende contribuir para o fomento do debate acadêmico sobre a importância da educação midiática na educação básica e seus benefícios na formação dos estudantes”.