Através do Proinfra, que é um fomento FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), a USCS vai receber um equipamento de última geração, o primeiro no Brasil nessa linhagem, para uso da técnica “metabolômica”, que vai permitir o trabalho de pesquisa em diversas áreas. Por isso, no dia 9/3/23, aconteceu no auditório do campus Centro da USCS, o “1º Seminário de Metabolômica”, com a participação do Cientista Rodrigo Ramos Catharino, Livre docente, com Pós-Doutorado na Florida State University e no Instituto de Química da UNICAMP.
Ele é o Coordenador do Laboratório Innovare de Biomarcadores e ganhou vários prêmios por sua atuação e inovação na área científica e do SUS; um dos maiores especialistas do Brasil em metabolômica.
Conversamos com o cientista para entender melhor do que se trata a metabolômica, sua utilidade e sua importância. Veja a entrevista:
USCS: O que é a metabolômica?
Rodrigo: “Metabolômica é uma área nova que, na ciência, vem agregar informação à genômica. Tudo começou nos anos de 1990, teve seu apogeu em 2000 e vem se desenvolvendo cada vez mais com técnicas novas. A metabolômica é o final de tudo isso. Em 2006, com técnicas de alta performance e de alta tecnologia, foi visto que as moléculas que estão no fenótipo, aquelas moléculas que são importantes por estar em pigmento de cabelo, na produção de unhas, de lágrimas, de suor, de saliva, de urina, são moléculas extremamente importantes para mostrar o seu estado, seja ele de saúde, seja ele de qualidade de vida, seja ele ruim ou bom. Em todos esses fluidos existem marcadores que mostram o seu estado”.
USCS: Pode nos dar um exemplo?
Rodrigo: “A gente usa essas moléculas que estão nesses fluidos pra identificar diagnósticos de doenças que até então não teríamos, por exemplo: uma doença fúngica que atinge o Brasil, que é uma doença negligenciada, chamada paracoco otomicoses. Essa doença atinge muitos brasileiros, mas ela não tem um diagnóstico direto; demora-se muito pra se fazer. Com a técnica de metabolômica, pegando fluido biológico, por exemplo plasma sanguíneo, conseguimos desenvolver um diagnóstico, tendo o resultado em um minuto. Então você gera um resultado prático pra um problema brasileiro, o que vai ajudar demais a população. Isso que a metabolômica faz”.
USCS: Qual a importância de uma palestra como essa para os alunos da área da saúde?
Rodrigo: “Pro aluno isso é extremamente importante porque é uma linha de vanguarda, a gente está mostrando o que a Ciência Brasileira está desenvolvendo de forma prática, e o aluno ficar sabendo disso antes dos livros, por exemplo, é de extrema importância pra qualquer curso da área da saúde. A medicina junto à técnica metabolômica vai ser apontada como ‘medicina do futuro’, pois hoje é possível personalizar a medicina através da metabolômica. É possível, com um único paciente, saber o estado dele completo. Isso é importante porque você vai chegar no consultório, no futuro, e já vai ter um conjunto de moléculas suas e qualquer divergência entre essas moléculas já vai dar pra saber sobre o seu estado, o que está acontecendo. Todo esse desenvolvimento começa no agora, com a metabolômica, com essa técnica que é extremamente versátil e serve pra inúmeras coisas, de alimentos a diagnósticos, passando por cosméticos, medicamentos; é extremamente abrangente na área da saúde”.
USCS: Onde a metabolômica foi desenvolvida?
Rodrigo: “É uma técnica que foi desenvolvida fora, mas o Brasil tem uma escola extremamente forte nessa área, então é como se fossemos uma seleção brasileira, comparando com futebol. A gente tem uma escola muito forte dentro do Brasil, que faz com que essa tecnologia tenha desenvolvimentos. Não só a gente traz, como a gente desenvolve ciência nova, que é a inteligência artificial junto com a metabolômica: juntamos algoritmos de inteligência artificial com esses fenótipos, com essas moléculas, justamente pra tornar isso mais rápido, mais personalizado e de uma forma integrada com a computação. Isso é extremante revolucionário porque com essa técnica eu desenvolvo, por exemplo, tecnologias pra certificação de orgânico. Com a metabolômica e a inteligência artificial a gente consegue dizer se um tomate é orgânico ou não. Isso é muito importante pro mercado porque muitas coisas que estão no mercado identificadas como orgânicas não são.
Podemos descobrir marcadores do que é orgânico e do que não é através também dessa técnica, por exemplo: eu vejo no orgânico pesticida, que nunca deveria haver. Isso que a gente chama de marcador é uma molécula mesmo, que tem identidade e me dá um estado, uma previsão, ela me dá a ciência do que está acontecendo naquele momento, por exemplo, um orgânico que não é orgânico porque tem um pesticida ali”.
USCS: Em que situações dá pra usar a técnica?
Rodrigo: “Dá pra ser utilizada em análise forense, em acompanhamento de tratamentos, manufatura, produção de cosméticos, área de bioequivalência, pesquisa clínica, esporte, nutrição, química e várias outras funções, por causa da versatilidade da plataforma”.
A USCS também possibilitará que usuários externos utilizem o equipamento.
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